Rainhas do pôquer

Jogar pôquer com uma turma de amigos pode substituir muito bem uma balada fora de casa. Pelo menos é isso que anda acontecendo entre algumas rodas de amigos. E não é mais um programa exclusivo de homens que querem dar um tempo de suas namoradas ou esposas. Não, agora as turmas podem ser mistas, de jovens que jogam ao lado de suas namoradas, de homens ou só mulheres.

Agressividade, adrenalina e altas apostas são os principais atrativos do pôquer, jogo que depende muito mais da habilidade do que da sorte. Em uma mesa de jogo, os diálogos são sempre intercalados por palavras em inglês que só os iniciados entendem: Royal Straight Flush, Four of a Kind, Two Pairs, entre outras combinações do que se pode fazer com as cartas. No pôquer, é importante a rapidez de raciocínio, cálculo das probabilidades e, claro, a arte do blefe.


A administradora de empresas Alessandra Braga, de 32 anos, conheceu o pôquer em uma viagem de férias em Las Vegas, nos Estados Unidos. "Achei bem instigante. Quando meu marido explicou a hierarquia das cartas, a matemática, a psicologia do jogo, eu quis aprender na hora", conta. Alessandra pegou tanto gosto pela modalidade que virou profissional e hoje vive dos rendimentos de suas partidas. "Em 2008, uma multinacional me convidou para trabalhar com eles. Eu ia aceitar o emprego, mas, naquele fim de semana, participei de um torneio e ganhei umas dez vezes mais do que o salário proposto. Então, decidi me dedicar integralmente ao pôquer." Há dois anos e meio, Alessandra passa os dias estudando as regras em livros e jogando em casas especializadas, como o H2 Club, em São Paulo. "Já consegui ficar mais feliz no pôquer do que com a minha profissão de administradora", conta.


Outra mulher apaixonada pelas cartas é a advogada Tatiana Ayala, de 37 anos. "Aprendi a jogar com os filhos de uma amiga, quando estava de férias em Fortaleza. Pratiquei na internet e depois fui para as mesas de pôquer", diz. Quando consegue conciliar os seus horários, Tatiana organiza jogatinas em casa para as amigas e amigos. "É um jogo gostoso, que mexe com a cabeça. Envolve estratégia, não é apenas sorte ou azar", completa. 

Patrícia Kurati, de 26 anos, produtora de moda, é a única mulher em um grupo de pôquer que se reúne todas as terças-feiras em São Paulo. Ela começou a jogar para acompanhar o marido, um dos 15 jogadores assíduos do grupo. Mesmo que as mulheres dos outros jogadores participem só assistindo, Patrícia se arrisca nas apostas. "Eu sou competitiva, gosto muito de jogar. Já aconteceram situações em que eles disseram ter medo das minhas apostas", diz. "Eles dizem que não tem como saber o que eu tenho na mão. Tenho uma poker face", brinca. Para ela, jogos entre amigos são encontros sociais. "O melhor do jogo é isso: rever os amigos, se divertir, comer alguma coisa e, se possível, ainda levar um dinheirinho para casa", diz.

No jogo de pôquer, ser comprada aos homens costuma ser um elogio entre as mulheres que se arriscam na mesa. Daniela Zapiello, de 23 anos, jogadora de pôquer profissional, adora quando escuta o comentário. "É verdade, na mesa mista, eles chegam a me comparar com um homem jogando. Eu gosto, acho um elogio, porque os homens têm muito mais tempo de prática", diz. "O pôquer tem muita competição e as mulheres gostam disso", considera.

Como funciona o jogo

O objetivo do jogo, na modalidade Texas Hold'em, a mais jogada, é fazer o melhor jogo (um par, dois pares, uma trinca, um par e uma trinca, uma sequência, uma quadra e o Royal Straight Flush, sequência máxima do mesmo naipe) em cinco cartas possíveis, usando as duas que o jogador tem em mãos e as outras cinco sobre a mesa. Na combinação, duas das sete cartas poderão ser descartadas. Ganha quem levar o 'pote', que são todas as apostas feitas ao longo do jogo.

A emoção aumenta quando, durante o jogo, as apostas elevam os valores do pote. O blefe serve para intimidar o adversário e fazê-lo acreditar que as suas cartas são maiores que as dele. Se der certo, mesmo com cartas ruins na mão, um jogador poderá sair campeão se fizer todos os outros desistirem do jogo.

Para ser um bom jogador, é preciso prestar atenção na ordem das cartas dispostas na mesa e calcular a probabilidade de o seu adversário ter cartas maiores que a sua. A análise dessas probabilidades segue a Teoria dos Jogos. De origem matemática, essa teoria é ensinada em universidades para que jovens estudantes de economia, por exemplo, possam estimar possíveis resultados sociais e econômicos com base em variáveis. Nas aulas de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado, por exemplo, os professores não chegam a ensinar o jogo aos alunos, mas podem usá-lo para exemplificar situações.

A maioria das pessoas que jogam em mesas de pôquer começa a praticar na internet. Há sites que simulam jogos e dão fichas com valores simbólicos. Os mais acessados são Poker Stars, Full Tilt e Party Poker.

 

@GuGere

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